quinta-feira, 25 de novembro de 2010

'Simplesmente simples'

Há dois tipos de pessoas: as simples e as outras. Claro que esta afirmação é completamente falsa, ou melhor, é meia verdadeira. Há pelo menos mais dois ou três.
Refiro-me a pessoas simples não como simplórias, nem como humildes, nem tão pouco como ignorantes. Refiro-me à sua estrutura. De índole simples.
É mais fácil viver-se assim. Será? A vida seria, pelo menos, bem mais... simples. Tudo é muito mais fácil, há menos frustrações, quase tudo está bem. Precisamos de pouco para estar bem. Com pouco, quero dizer coisas simples, básicas, que estão ligadas às necessidades primárias do ser humano e das suas relações com os outros. Não se fazem grandes exigências. Ou pelo menos daquelas impossíveis de se concretizarem.
Não significa, porém, que não haja ambição nas pessoas simples. Há e deve haver. Toda a gente no mundo quer mais ou menos a mesma coisa. Amor, saúde, amizade, dinheiro, felicidade e paz no mundo (pelo menos todas as 'Miss Mundo'). Toda a gente tem, por isso, qualquer ambição, mesmo que não seja uma 'ambição muito ambiciosa'.
Não há, no entanto, exigências com muitas coisas. Há exigências sim, as fundamentais na vivência de cada um, mas não as há ao nível da metafísica. As pessoas simples querem, desejam e ambicionam o que há, o que já existe para se escolher, o que já foi inventado, encontrado, definido e catalogado. Aceitam o que existe e escolhem alegremente. E assim vivem felizes, pelo menos nesta faceta das suas vidas. (Noutras, sabe-se lá. O que vai para dentro da porta de cada um, só Deus sabe. Ou Buda ou seja quem for).
Resumindo e generalizando (que é sempre um risco muito grande), as pessoas simples ficam satisfeitas com as coisas que encontram por aí, massificadas ou não.

Há depois um conjunto de pessoas que anda um pouco entre lá e cá, entre uma coisa e outra, conseguindo retirar o melhor dos dois mundos. Penso que seja a melhor maneira de se lidar com esta questão. Nem oito nem oitenta. 
Em todo o caso penso que não se escolhe. Nasce-se inclinado para um monte ou para outro. Como se nos carimbassem à nascença. 'Condenado'.
Podemos identificar então um terceiro grupo, dos carimbados. São tudo menos simples. Querem na teoria o que é simples, mas na prática o que eles querem sei eu: tudo menos simplicidade. Querem tudo o que é transcendente, o que está para lá de, para além de, para cima de, diferente de, feito à medida de. 
Em suma, complexo, mas vai de bom a muito bom.  
Observamos pessoas à nossa volta desde sempre. E desde sempre percebemos esta diferença. É certo que uns vêm o que outros não vêm. Mas quem pode definir o que é melhor? Haverá decerto quem nem sequer entenda estas diferenças ou pelo menos que não as entenda como definidoras de um género tão distinto de outro. Quanto a mim vejo o género simples a quilómetros de distância e admiro-o. Só. Sem o querer. No fundo, todos quantos o vemos, não sabemos se o queremos para nós. Sabemos que ele existe, que está ali, na prateleira da grande superfície, mas não sabemos bem se o queremos. É o chamado comprador indeciso. Ou gourmet. Há então que convencê-lo. 
Ou não.

1 comentário:

athenriques disse...

as pessoas simples são uma treta, bahhh, dispenso o aluguer quanto mais a compra :)