sexta-feira, 19 de novembro de 2010

'Tirem-me deste filme'

Alguma vez lhe aconteceu encontrar-se numa situação ou num lugar em que a única coisa que lhe passa pela cabeça é sair dali? E Depressa? Tenho a certeza que sim.
Às vezes embarcamos em situações tão bizarras que temos dificuldade em perceber se é realidade ou ficção. Sentimo-nos tal e qual num filme. Melhor; imagine uma catástrofe natural que fustigou o país inteiro e que dessa tragédia só resta você. Sim, o último espécime nacional (é muita pretensão...). Então ali estamos nós, únicos tripulantes da Arca. Somos levados para outro país, onde não conhecemos nem a língua, nem os costumes, nem nada. É isso mesmo que parece. Tudo à volta é-nos completamente estranho, não encontramos nada com que nos identifiquemos, a não ser o género. Humano.
Por mais surreal que tudo nos pareça, sentimos que somos nós o elemento estranho ou, porque não dizer, sentimo-nos completamente alienígenas. Apesar de termos a certeza de que somos 'normaizinhos', até muito acima dos padrões normais (mas com falta de modéstia, está visto) encarnamos a personagem do 'ET' e só nos apetece fazer como ele, 'ET phone home...' e fugir a 'sete pés'.

Tive o prazer de passar por esta experiência há uns dias. E por mais consciência que tenha de que de facto está tudo bem comigo, de que não sou nem um bocadinho alienígena, tenho sempre aquela sensação: 'mas que raio... Será que esta gente está toda errada e só eu tenho o dom da lucidez?'  Esta pergunta tem normalmente um tom sarcástico. Neste caso não. Ali havia de facto gente equivocada.
Gente, tinha muita. Solução, só havia uma.
'Boa tarde, até uma próxima.'

1 comentário:

athenriques disse...

Ensaio sobre a Lucidez, José Saramago, recomendo vivamente! lúcido é quem enxerga :)